Pontos de recarga de automóveis elétricos começam a ocupar as rodovias
A frota ainda é pequena, mas o futuro é inevitável. A ideia pode soar genérica, porém, dá a perspectiva do que poderá acontecer em termos de estrutura de serviços para recarga de automóveis elétricos no Brasil.
Hoje existem pouco mais de 3.000 unidades rodando no país, segundo levantamento da empresa NeoCharge. Estamos falando de veículos exclusivamente movidos a energia elétrica e que obviamente necessitam de pontos de recarga da bateria, os chamados eletropostos. Se juntarmos a esse conjunto os híbridos “plug-ins”, que também precisam de pontos de recarga, o Brasil tem pouco mais de 17 mil veículos, segundo esses dados.
Esses números são apenas uma pequena franja se comparados ao total da frota nacional de automóveis, que bate a casa das 58,8 milhões de unidades, de acordo com o Ministério da Infraestrutura.
Possivelmente não exista nenhuma montadora de automóvel no mundo que não tenha colocado um prazo para transformar sua produção em veículos majoritariamente equipados com propulsores elétricos. Afinal é o futuro do planeta e da Humanidade que está em jogo.
No Brasil, pesquisas vêm sendo realizadas e experiências práticas já começaram a tomar corpo no que se refere à infraestrutura de serviços para atender clientes com veículos elétricos.
Trabalho de doutorado realizado pelo pesquisador Fabio Antonio Vieira Pinto, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sob o título “Um modelo para dimensionamento de postos de recarga rápida para veículos elétricos baseado no perfil de carga das baterias de íons de lítio”, indica a necessidade de planejamento e de dimensionamento dos postos de recarga no país.
“O desenvolvimento de cidades inteligentes possui entre seus principais objetivos a sustentabilidade, racionalidade e eficiência. Nesse contexto, o uso de veículos elétricos no setor de transportes recebe destaque. O estudo do comportamento das estações de recarga em centros urbanos é importante pois a emergente frota de veículos elétricos irá impactar a planta de energia elétrica, principalmente em horários de pico. É necessário que o espaço físico e o aproveitamento de energia nos postos de carga sejam bem planejados para que sejam minimizados os impactos na rede elétrica, garantindo que os usuários sejam atendidos dentro de padrões de qualidade de serviço aceitáveis”, afirma a pesquisa de Fábio Pinto.
Do mundo acadêmico para o campo prático, a Rede Graal, que reúne em seus estabelecimentos serviços automotivos, loja de conveniência, praça de alimentação, restaurante, padaria, mercado e outras atividades, possui 15 pontos de recarga com toda a infraestrutura necessária. Resultado de uma parceria com empresas de energia, a Graal iniciou seu projeto de eletropostos em 2015 instalando-os em duas lojas: na do Km 67 da rodovia Anhanguera e na do Km 56 da rodovia Bandeirantes, ambas no estado de São Paulo.
Quem dá os detalhes é o gerente de expansão da Rede, Nivaldo Ary Nogueira Júnior. “A Graal entende como sendo importante participar de programas de eletromobilidade, daí a parceria nesse Projeto de Pesquisa e Desenvolvimento”, destaca.
Hoje, explica Nogueira Júnior, o cliente proprietário de carro elétrico que for recarregar a bateria em um dos eletropostos da Graal não vai ser cobrado por isso. O custo é absorvido pela Rede, uma vez que o tempo de demora para a recarga é aproveitado pelo proprietário para compras nos serviços oferecidos pela Graal.
De toda forma, o investimento em um eletroposto é relativamente alto e ainda não há como obter retorno financeiro. A instalação de uma infraestrutura mais o equipamento para recargas elétricas fica por volta de R$ 350 mil.
“De todo modo, a eletromobilidade não tem mais volta, ainda que hoje a frota de elétricos no Brasil seja muito pequena. No entanto, é preciso olhar sua expansão como uma perspectiva concreta de futuro”, completa Nogueira Júnior.